sexta-feira, 15 de maio de 2015

Doze de Maio: Revogação da Abolição

quarta-feira, 13 de maio de 2015


Doze de Maio de Dois Mil e Quinze:

No dia 12/05 o CAPS AD Niterói amanhecera fechado. Até aquele instante, trabalhadores da SM e terceirizados
não haviam visto a cor dos depósitos - indicando que a Lei 3353/1888 poderia ter sido revogada. 


Não foi a Princesa Isabel, mas a Regente Interina Maria Célia Vasconcellos, que, inspirada no exemplo do Guru Espiritual, Eduardo Cunha, se antecipou ao Treze de Maio, proclamando de véspera - devidamente escudada pelos Ministros do Conselho, Gustavo Fonseca e Solange Regina, respectivamente, o Visconde de Jurujuba e a Viscondessa de Cafubá - a Flexibilização da Lei 3353/1888onerosa até no nome ("Áurea"), um arcaísmo legislativo que - apesar do regime precarizado de RPA, a remuneração e as condições de trabalho indigentes, os critérios restritivos de contratação e os valores aviltantes ofertados - ainda resiste na Rede de Saúde Mental de Niterói, sabotando o esforço saneador e patriótico de contenção de gastos, preconizado por Dom Joaquim Levy Rockfeller e exemplarmente capitaneado pelo consciencioso Secretário Regencial de Finanças do Município, Cesar Augusto Barbieiro (segundo MPE, tendo no salário - 59.755,00 - um modelo de comedimento), e pelos demais luminares do precavido Conselho de Estado, que - de acordo com fonte oficial do Bar do Alemão - em nome da austeridade administrativa, empenharam na Caixa Econômica Federal tudo o que havia de áureo no texto constitucional para pagar a conta de luz. 

Antecipando-se estrategicamente às batucadas anárquicas do Dia Treze de Maio de Dois Mil e Quinze, a Regência Municipal articulou, na véspera, com o apoio dos capitalistas que exploram a força de trabalho - terceirizada - dos responsáveis pela manutenção do patrimônio público, um verdadeiro cerco pecuniário, atrasando ao máximo a remuneração dos trabalhadores da Rede de Saúde Mental, enquanto os Capatazes Aliados, consorciados em prestadoras de serviços, postergavam o pagamento dos mantenedores do patrimônio, responsáveis efetivos pela abertura das unidades, liberando homeopaticamente as passagens e a alimentação (ou as adiando de modo terrorista), fazendo com que esses bravos profissionais, economicamente depauperados pelo ardil, não conseguissem chegar ao serviço - e, consequentemente, provocando o fechamento dos Centros de Atenção Psicossocial da cidade no Dia Doze de Maio de Dois Mil e Quinze.

Àquela altura dos acontecimentos, em nome da mais patriótica austeridade, a Regente Interina e o Conselho de Estado, representados pelo Visconde de Jurujuba e pela Viscondessa de Cafubá, já haviam sido obrigados a rasgar compromissos firmados - em papel timbrado - com os trabalhadores e com os usuários da SM no Dia Onze de Março de Dois Mil e Quinze, quando - estando, mais uma vez, Dom Rodrigo de Orleans e Bragança y Neves tratando de Negócios de Estado no estrangeiro - os Doutos Conselheiros, confrontados com as Jornadas Insubmissas da Saúde Mental (e, naturalmente, com os Fantasmas da Bastilha), se comprometeram - em nome do Regente - a atender uma série de reivindicações apresentadas pelos manifestantes. Reivindicações essas que, obviamente, por Motivos Maiores, Excelsos e Pátrios, foram relegadas ao esquecimento.

Na prática, a Regente Interina e os Conselheiros de Estado já detinham - desde muito - as condições políticas para proclamar a revogação da lei 3353, de 1888, pois, ofertando um salário de 870 reais aos oficineiros dos CAPS (não arcando sequer com os gastos de vestuário, alimentação e moradia, como os proprietários de escravos de outrora), muitas vezes, sem oferecer, como mínima contrapartida, nem mesmo as condições efetivas de trabalho, já desidratavam substancialmente as condições de resistência - enquanto, por outro lado, nos gabinetes, neutralizavam as possibilidades de qualquer rebelião por meio do RPA, instrumento que impossibilita o trabalhador de cogitar a articulação em voz alta da palavra "greve". 
Na prática, o Regime de RPA  impossibilita aos trabalhadores a mera articulação da palavra "greve".

De acordo com as fontes oficiais do Bar do Alemão, em cujas paredes ressoam todos os segredos do espigão da Visconde de Sepetiba, no momento da promulgação do ato, assinado pela Regente Interina Maria Célia, flexibilizando a Lei  3353/1888 (e anulando, para todos os efeitos, os seus pontos principais), Dom Rodrigo Orleans-e-Bragança y Neves, como acontecera nos idos de Dona Isabel (e nas Jornadas de Dois Mil e Quinze da Saúde Mental), viajara para tratar de Negócios de Estado, tendo sido visto em pia genuflexão diante do presidente da Caixa Econômica Federal (agente financeira contratada pelo PAC para a TransOceânica), suplicando, sem conseguir sensibilizar o Banqueiro Malvado da necessidade de realizar a obra ainda no atual mandato (1)

Outras fontes, como as dos Difamantes da Mesa ao Lado, propagam a caluniosa versão de que, humilhado pelos Maldosos Banqueiros y Financistas de Estado, um frustrado Dom Rodrigo, resolveu, à moda dos velhos Senhores de Engenho, incitar os seus capatazes a descontarem sem dó no lombo dos mais desprotegidos, no caso, dos trabalhadores precarizados da Saúde Mental - e, por conseguinte, dos pobres usuários da rede - e dos demais servidores públicos penalizados pela insegurança laboral, o regime do Recibo Profissional Autônomo e/ou Terceirizados y Afins. Porém, tal versão espúria, seguramente fruto da peçonha infamante dos Caluniadores da Mesa ao Lado, é isenta de qualquer credibilidade, sendo logo desqualificada pela CNBA - Central de Notícias do Bar do Alemão - como fantasia malévola e injuriosa, não sendo possível conceber qualquer associação de atos de tamanha covardia e pequenez a um estadista do porte de Dom Rodrigo de Orleans-e-Bragança y Neves. 

O que se pode apurar, graças à Central de Notícias do Bar do Alemão, é que o fechamento das unidades de Saúde Mental no Dia Doze de Maio de Dois Mil e Quinze deixou uma legião de usuários da Rede de SM - que já padeciam anteriormente pela injustificada falta de medicamentos nas distintas farmácias e pela ausência do Vale Social - desprovidos de suas refeições diárias e do direito ao convívio salutar nos respectivos CAPS. A Ação Cívica e Saneadora do Doze de Maio, no entanto,  foi comemorada pelo Conselho de Estado como mais uma contribuição patriótica da Mui Heroica Cidade de Niterói à patriótica - e inadiável - política de Ajuste Fiscal, convocada por Dom Levy Rockfeller. 

Uma Fonte Oficial do Bar do Alemão registrou a denúncia, oriunda dos corredores palacianos da Visconde de Sepetiba, de um suposto abuso da Boa Fé Regencial - e de dilapidação dos cofres públicos - por parte de alguns usuários do CAPS AD que insistem em demandar o fornecimento regular de remédios, pois, segundo Acusador Inflamado,"tendo o 'A', do álcool, e o 'D', das drogas ilícitas, porque não se contentam com o que já tem?". Quanto aos demais temas, como  o inesperado fechamento das unidades na véspera do Treze de Maio de Dois Mil e Quinze e a indigência nos fornecimentos de Rio Card, o Denunciante Palaciano - tendo, antes, o cuidado de lembrar à CNBA da função espiritualmente regeneradora das longas caminhadas - declarou que a ausência de uma política de mobilidade urbana para os usuários da Rede de SM e uma eventual falta de refeição no Dia Doze são percalços menores diante do esforço hercúleo da administração para alcançar a sanidade contábil, convocando, então, trabalhadores e usuários a somarem forças em prol da austeridade fiscal, apelando aos nacionais que se mirem no norte exemplar de  Madame Roussef, um modelo de estoicismo cívico que, em nome de um ideal patriótico, jejuou heroicamente à frente de toda a nação, emagrecendo espartana e corajosamente diante das câmeras, afinando, afinando, até desaparecer por completo dos olhos do público.  .  
USUÁRIO DO CAPS LARGO DA BATALHA PADECE PATRIOTICAMENTE, CUMPRINDO COM O SEU DEVER CÍVICO E DANDO EXEMPLO DE COMPROMISSO COM AS MAIS ALTAS ASPIRAÇÕES NACIONAIS.

1): Fontes não tão confiáveis do Bar do Severo, nas redondezas da Residência Real, juram haver encontrado o Príncipe Regente sendo consolado pelo temível Gato Angorá (o sibilino ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro e ex-quase-tudo conhecido pela alcunha eleitoral como Wellington Moreira Franco, entidade tenebrosa e vil, remetendo a horrores e padecimentos ancestrais, agora emergindo das Sombras como um Novo Velho Amigo da Regência). Porém, as fontes que testemunharam o Abraço de Tamanduá, não souberam precisar, no caso, quem era o Amigo e quem era a Onça. 

Obs: Matéria originalmente publicada no falecido blog dos Adictos aos Adictos ao CAPS, veículo - extinto já no berço- criado por usuários da Rede de SM e por adictos aos usuários da Rede de SM, apoiados por adictos aos adictos aos usuários da Rede de SM de Niterói.